quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
pra não dizer que não falei de flores ou o carnaval vem ai
Como nem só de temas dolorosos vivemos; ou melhor, acho que as vezes vivemos, ou insistimos em viver apesar deles, falemos um pouco de coisas boas, literatura e cinema. Ah os livros e os filmes, principalmente os bons, fazem-nos sentir que ainda resta esperança. Três livros relativamente recentes me impressionaram muito bem: "O império 'a deriva", de Patrick Wilcken; "As travessuras da menina má", do "velho e bom" e polêmico Mário Vargas Lhosa e o indescritível "Conhecimento do Inferno", do surprendende escritor português Antônio Lobo Antunes, ou Lobo Antunes para os "íntimos". Cada um na sua seara, cada um em sua linguagem, cada um com suas indagações e perplexidades, os três arrebata, emociona, faz rir e chorar a cada página, ou a cada três páginas. O primeiro narra as venturas e desventuras da família real portuguesa em sua espalhafatosa escapada de Lisboa, fugindo do exército napoleônico e sua temporada na terra brasilis. Engraçado e revelador de muitas de nossas persistentes mazelas. O segundo conta a saga de uma arrivista social, linda, inteligente e ...peruana e sua relação de décadas com um "bom menino", que sempre a recebe de volta após suas aprontações, dela bem entendido. Texto primoroso, instigante e envolvente. O terceiro merece um post a parte, que virá mais tarde. Por enquanto, arrisco-me a dizer que a prosa do Lobo Antunes tem alguma coisa de revolucionário, de ruptura. Não linear, poética até dizer chega, alucinante como adormecer ao sol, ouvindo o canto dos pássaros e repensando a vida, toda ela. Os filmes ficam para depois. E vocês o que andam lendo e assistindo?
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Um comentário:
Acabo de ler uma excelente biografia de George Simenon, um dos meus autores favoritos. Simenon é injustamente visto como um escritor de romances policiais simplistas, quando talvez tenha sido o maior observador do "homem comum" de nossa época. Capaz de perceber nuances na sordidez humana, que de tão verdadeiras soam singelas no seu descrever. Incrível como lendo-o somos capazes de perdoar atos vis e mesquinhos, entendendo-os como parte de nossa natureza (claro que nem de longe estou falando de nada que saiu nos noticiários à pouco). A biografia, de Pierre Assouline, extremamente bem feita, revela uma figura paradoxal, que apesar de demonstrar tamanha sensibilidade em seus livros, é de um pragmatismo exacerbado com preocupações comezinhas, como dinheiro e fama. Dele ( Simenon ), sugiro Carta ao meu Juiz e Ainda existem Aveleiras.
No momento, estou lendo A Era dos Escândalos, de Mário Rosa. Trata das grandes crises de imagem por que passaram corporações e personalidades brasileiras nos últimos tempos. Tem haver com o principal serviço que esta empresa em que estou agora presta: Gestão de Crises. É uma leitura interessante para qualquer profissional de comunicação.
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