terça-feira, 26 de junho de 2007

errei

Desculpem-me meus dois ou três leitores, mas eu errei. O que não é raro. A moça, que aliás se chama Sirley Dias de Carvalho Pinto, que foi covardemente agredida pelas cinco "crianças" no Rio não tem 28 anos, tem 32. Mas este detalhe não muda o essencial: cadê a ampla indignação contra este bárbaro crime. Ou ficaremos ouvindo os pais dos marmanjos dizendo as aberrações que já disseram? Ah, só pra lembrar: os que agrediram o índio Galdino em Brasília anos atrás também eram cinco e também sairam-se com a pérola: "achamos que era um mendigo". Se não me engano, dos cinco, quatro estão soltos e só um preso. Assistiremos a um replay?

De quem é a "culpa"?

Segundo o pai citado no post anterior a "culpa" não é dos pais. Trocando o "culpa" por responsabilidade, ele tem razão. As "crianças" de 19, 20 e 21 anos que estudam e trabalham são responsabilizáveis, penal e eticamente. Simples assim.

triste, muito triste ou cadê a indignação da "sociedade"

As cenas já são conhecidas: a jovem -isso mesmo, jovem, pois ela só tem 28 anos- saiu do trabalho (a casa de família aonde exerce seu ofício de doméstica, resquício indelével da antiga (?) escravidão) um pouco antes das 5 h da manhã de domingo para ir ao médico. Chegou em um ponto de ônibus, onde esperava o coletivo e onde estavam outras duas mulheres também aguardando condução. Na mesma hora cinco jovens de classe média alta, quatro deles estudantes universitários e um técnico com formação de segundo grau saiam de uma boate aonde certamente se divertiram, beberam, namoraram, como é usual nesta faixa etária e e social. Até ai tudo bem. O problema é que estas duas realidades se encontraram: as mulheres no ponto de ônibus e os jovens no carro que um deles ganhou dois dias atrás. O resultado desse encontro também já é conhecido. Qual uma tropa de choque da SS os jovens investiram contra a jovem que esperava o ônibus para ir ao médico: tomaram sua bolsa e começaram uma sessão de agressões. Chutes, socos e cotoveladas especialmente em seu rosto. Quatro jovens fortes contra uma jovem. O quinto espereva no carro, provavelmente ligado para qualquer emergência. Para não perderem a viagem agrediram também as outras duas mulheres que lá estavam. Ponto final em mais um caso de agressão injustificável no Rio de Janeiro, não fosse um taxista ter anotado placa do veículo condutor da Blitzen. O resto também já se sabe. A jovem teve que ir ao hospital com o rosto e os braços cobertos de hematomas e com suspeitas de ruptura de ossos na face e os jovens foram pouco a pouco presos pela polícia através da placa do carro repassada pelo motorista de táxi. Candidamente eles, os jovens, disseram que confundiram a jovem com uma prostituta. Ah bom! Sintomático tanto pelo lado psicanalístico - eles agridem prostituras por qual motivo: desejo recalcado ou impotência em arrumar namoradas ou namorados?; quanto pelo lado policial - eles agridem prostitutas ou foi a primeira vez? E as reações? Até agora as reações vieram da mídia que fez um boa cobertura já no domingo à noite (Fantástico) e na segunda nos principais jornais do país. A polícia agiu rápido e prendeu os cinco, sendo o último na noite de segunda. A OAB pediu uma punição rigorosa. E os pais? Ah os pais. Claro que não dá para generalizar, pois apenas um veio a público defender abertamente os filhos, dizendo: "quero dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa disso. Eles cometeram um erro? Cometerem. Mas não vai ser justo mantermos CRIANÇAS (grifo meu) que estudam, estão na faculdade, trabalham, presas. Botar( sic) eles numa Polinter? Desnecessário." Aguardam-se outras manifestações. A bárbarie se manifesta de formas variadas. Nem se fala aqui da violência generalizada, da bala perdida, do assalto e do latrocínio. Fala-se da violência banalizada, sem motivos aparentes (que nunca justificam-a). Fala-se da covardia e da bestialidade. Fala-se de jovens pobres que mesmo, aparentemente, tendo visto que arrastavam uma criança de seis anos presa ao cinto de segurança do automóvel que acabaram de roubar, não tiveram coragem de parar e a arrastaram por mais de seis quilômetros, matando-a em um episódio horrendo. Fala-se desses cinco jovens ricos, que estudam, ganham carro, vão a boates, têm dinheiro e que transformam-se em carrascos cruéis e sanguinários. Fala-se disso tudo e teme-se que as reações sejam diferentes nestes dois casos. Quais as diferenças? Para onde caminharão os arautos do endurecimento penal, da pena de morte, e até mesmo os filófos do "olho por olho, dente por dente"? E as manifestações de indignação que percorreram o país? E os outdors em Belo Horizonte? Triste, muito triste; nossa sociedade está doente, muito doente. Esperam-se as reações. Ou as "CRIANÇAS" agora serão os agressores e as vítimas?

segunda-feira, 11 de junho de 2007

É estarrecedor!

Abaixo os dados sintéticos de uma das tragédias nacionais: os acidentes envolvendo caminhões nas estradas. È de desanimar. Fruto de um cem número de irresponsabilidades, que começaram pela opção de se ligar um país continental como Brasil através de rodovias -ainda no governo JK- e pelo abandono das opções ferroviárias e pluviais. Na sequência, as irresponsabilidades foram aumentando até chegarmos à situação de horror vivida hoje. E o curioso é que ninguém parece se importar, exceto quando a tragédia atinge alguém próximo. Sei não, mas tá passando da hora de TODOS começarem a levar muito a sério este quadro. Se não pelos motivos humanos envolvidos, pelo menos pelas perdas econômicas. Ou será que os ganhos de alguns setores justificam tudo?

"Estradas têm acidente com caminhão a cada 5 minutos
Agência Estado

Um caminhão se acidenta a cada 5 minutos nas estradas federais. É o que mostra um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), com base em dados revisados recentemente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Também foi feito um ranking de gravidade das rodovias, que aponta a Fernão Dias como a pior estrada do país. No Estado de São Paulo, porém, os trechos mais críticos estão na Régis Bittencourt.

De acordo com o Ipea, a diminuição na quantidade de acidentes e o aumento no número de mortos indicam que a gravidade dos desastres nas estradas aumentou. E as más condições das rodovias brasileiras, somadas à imprudência dos motoristas, levam a outro recorde negativo: segundo o sistema de informações de morbi-mortalidade do Ministério da Saúde, são registradas no país 35 mil mortes na área de transporte por ano. Há 4 por hora, uma a cada 15 minutos.

Em 12 meses - segundo semestre de 2004 e primeiro semestre de 2005 -, foram registrados 110.086 acidentes envolvendo caminhões. Esse número diminuiu em comparação ao período anterior, que teve 112.457. Em compensação, foram registradas 6.346 vítimas fatais, ante 6.119 no mesmo período dos anos anteriores. A quantidade de feridos também cresceu: de 66.117 para 68.524.

Essa estatística do governo federal leva em conta ainda acidentes com transporte aéreo e hidroviário. Mas o impacto de vítimas fatais nessas duas modalidades é pequeno na análise geral: no período de um ano, somaram aproximadamente 200 mortes. Os acidentes com transporte são a segunda maior causa externa de morte no País. Perdem somente para as agressões."

terça-feira, 5 de junho de 2007

vejam a opinião do Nizan Guanaes sobre regulamentação

Este post é do Luiz Nassif em seu blog, mas não resisti em reproduzí-lo aqui, imerso como estou com o tema da regulamentação versus liberdade de expressão, falssísima polêmica tão de agrado da grande mídia. vejam:

"Os neo-super-liberais e a publicidade

Olha só a ironia desses recém-super-liberais que acham que qualquer classificação de programas, ainda que meramente indicativa, é interferência indevida do Estado.

A carta a seguir é o Nizan Guanaes, foi publicada hoje na “Folha” a respeito de se proibir comerciais de bebidas em horário nobre. Mostra que em mercados organizados, a classificação indicativa é fundamental.

Do Painel do Leitor

"Acho da maior importância a entrevista com Gilberto Leifert. Séria, técnica e clara. Dela virão outros desdobramentos, mas é preciso que a indústria da comunicação participe deste debate.
Estamos muito mais longe das principais democracias do mundo no que diz respeito ao rigor de comercialização do que em comunicação de cerveja. Se um astro americano é pego dirigindo bêbado, ele vai preso. Isso não ocorre nem de longe no Brasil.
Qualquer garoto pode comprar bebida neste país. Lá fora isso não é admissível. O estabelecimento é fechado se for pego vendendo a menores. A veiculação depois das 20 horas não é tecnicamente eficaz. O que se faz nos Estados Unidos e na Inglaterra é proibição pelo perfil da audiência. Comercial de cerveja só pode ser veiculado em programa com mais de 70% de audiência adulta. O "Bom Dia Brasil", da Globo, vai ao ar às 7h30, e sua audiência é esmagadoramente adulta. As 23h, um canal infantil continua sendo infantil.

Olho técnico na comunicação e rigor absoluto na comercialização é a maneira mais técnica de combate aos abusos do álcool."

NIZAN GUANAES, presidente da Africa Propaganda (São Paulo, SP)

enviada por Luis Nassif"

ainda a classificação indicativa

Para enviar seu apoio à política de Classificação Indicativa, basta reencaminhar mensagem para snj@mj.gov.br , digitando seu nome e CPF logo no início do corpo da mensagem./** **EU APOIO A CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA**Será que as emissoras de televisão devem ter o direito de veicular os conteúdos que bem desejarem, a qualquer hora do dia? Ou a sociedade pode exigir que sejam definidos os horários mais adequados para a exibição de determinados programas?*
Ah, não sei porque, mas gostei dessa campanha. E vc?

Classificação indicativa: a polêmica

Uma falsa polêmica está agitando os meios jurídicos e televisivos brasileiros. Desde fevereiro, quando o governo editou, através do Ministério da Justiça, a portaria 264, que reforçou e especificou leis e dispositivos antigos relativos aos parâmetros normativos para a exibição da programação das TVs abertas, uma reação inacreditável de boa parte das emissoras de TV comerciais tem procurado confundir o debate e apresentar como “censura” e “autoritarismo” aquilo que é uma prerrogativa e um dever do Estado: proteger as crianças e adolescentes de serem expostos a cenas de violência e de sexo em qualquer horário. Esta reação, na verdade, procura esconder, em nome da liberdade de expressão, que frise-se não é afetada pela Portaria em questão, interesses ligados à busca ensandecida pela audiência e por publicidade. A Portaria, que entrou em vigor no último dia 13 de maio, foi “amputada” de um de seus mais importantes mecanismos: a vinculação entre a faixa etária e o horário da programação, por uma decisão liminar da Justiça, a pedido da entidade que representa as grandes emissoras de TV, a ABERT. Com isso está temporariamente liberado a exibição em qualquer horário de qualquer programação, com qualquer conteúdo que as TVs julgarem que podem exibir. O argumento das TVs chega a ser ofensivo à inteligência: para eles os pais é quem devem controlar o que os filhos assistem. Ora, é evidente que é essa é uma tarefa e uma obrigação dos pais. Mas não deles apenas. Todos sabemos das dificuldades para que os país tenham esse controle. Essa tarefa e obrigação deve ser compartilhada pelos pais, pelas TVs e pela legislação. Aliás, é assim em praticamente todo o mundo, inclusive nos países mais avançados. Por exemplo, nos Estados Unidos a preocupação com a exposição da faixa etária infanto-juvenil ao conteúdo do que é exibido nas TVs passou a ser objeto de debate mais substancial na década de 90. Uma série de discussões levou à reformulação do Communications Act, em 1996. A nova lei possui um capítulo voltado para o tratamento da obscenidade e violência. E assim é em muitos países. Aqui, parece que os canais de TV comerciais acreditam-se portadores de um direito absoluto acima de todos os outros, como por exemplo o Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê a existência de uma regulação dos conteúdos dirigidos aos jovens e crianças e até mesmo da Constituição Federal, que também prevê e define como obrigação do Estado a regulamentação dos limites do que é exibido nos meios de comunicação, que operam –lembremos sempre- por meio de concessões públicas, ou seja, prestam um serviço público, não são, ou não deveriam ser, apenas espaços comerciais. É bom lembrar que a classificação, motivo de toda esta polêmica, não incide em momento algum sobre a cobertura jornalística das emissoras, mas tão somente nos filmes, novelas e programas de entretenimento.
As discussões entre as partes envolvidas diretamente no tema continuam. Espera-se que o bom senso e o interesse público prevaleçam.