Matéria deliciosa do portal uai. Vale ler para conhecermos um pouco o gosto e a cultura populares. Exemplo de boa reportagem e de uma cidade mais complexa do que imagina a nossa vã ignorância:
"A trilha sonora do povão - 03/04/07
Bartô Galeno, O Príncipe dos Teclados, e Júlio Nascimento são celebridades nas lojas de CD do Centro da capital. Discos custam até R$ 13 e as fitas cassete fazem a alegria do freguêsDaniela Mata Machado EM Caras & Bocas
Reproduções/Euler Junior/EMFrancis Lopes nunca foi convidado para ir ao Domingão do Faustão, Cristiano Neves não é nome conhecido entre os ouvintes das rádios FM, e Júlio Nascimento nunca teve clipe exibido pela MTV. Mas eles são, ao lado de outros ilustres desconhecidos do mainstream, os maiores vendedores de discos das lojas de CDs localizadas nas imediações da rodoviária de Belo Horizonte. Ali, o que faz sucesso é forró, sertanejo e música brega. “O brega é música de corno, né? Do cara que foi largado pela mulher. O povo entra na loja e fica falando mal, depois pega o disco escondido, enfia no meio dos outros e corre para o caixa. Todo mundo gosta de brega”, entrega Vítor Hélio, vendedor de uma das lojas da região.Entre os bregas, Bartô Galeno é ícone. Seu hit No toca-fita do meu carro foi lançado na década de 1970 e continua fazendo sucesso. Nas lojas, seus álbuns dividem espaço com os de Zezo, o Príncipe dos Teclados; grupos de forró como Camisa Suada e Balancear; a dupla sertaneja André & Andrade; e o também brega Frankito Lopes, o Índio Apaixonado. Em comum, esses CDs têm o preço: enquanto os discos de repertório de artistas que tocam no rádio e aparecem em programas de TV custam, em média, R$ 27, os álbuns dessa turma menos projetada pela mídia são vendidos a preços que variam entre R$ 10 e R$ 13. Além disso, não é difícil encontrar versões desses álbuns em fitas cassete, que custam R$ 3. É isso mesmo: no momento em que adeptos do MP3 declaram a morte do CD, tem gente no Centro da capital que só compra fitas cassete. “Os mais velhos não conseguem lidar com CD”, explica Vítor Hélio.PríncipeJosé Maria Teixeira Nascimento, mais conhecido como Zezo, o Príncipe dos Teclados, tem 20 CDs e dois DVDs lançados. Apareceu no Programa Raul Gil uma vez, mas seu empresário, Edivaldo Bastos, conta que isso foi há muito tempo. Sua música toca, mesmo, é nas rádios comunitárias de Natal, capital do Rio Grande do Norte, onde ele mora. Há seis meses, renovou contrato com a gravadora Gema e deverá lançar, em apenas um ano, quatro CDs e mais um DVD.Com repertório variadíssimo, que vai do xote à música romântica de Julio Iglesias, passando por Roberto Carlos, forró e samba-canção, o cantor e tecladista é um dos grandes sucessos das lojas do Centro de BH. Os fãs que moram na capital mineira, entretanto, nunca tiveram a chance de vê-lo cantando e tocando, acompanhado pela banda – que inclui percussão, guitarra e sax –, além de três bailarinas e dois bailarinos. O empresário de Zezo diz que está tentando viabilizar uma apresentação do músico na cidade."O povo entra na loja e fica falando mal, depois pega o disco escondido, enfia no meio dos outros e corre para o caixa. Todo mundo gosta de brega" - Vítor Hélio, vendedor de discos"
quinta-feira, 5 de abril de 2007
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Um comentário:
Hummm, não me venha com essa de "conhecer um pouco o gosto e cultura popular". O que vejo é que o senhor encontrou o local ideal para aumentar aquela coleção especial. Se precisar de companhia para ir até lá dar uma olhadinha, é só chamar.bjo
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