quarta-feira, 28 de março de 2007
sobre negros e brancos
Infeliz. Esse o melhor adjetivo para a declaração "não é racismo quando um negro se insurge contra um branco", dada pela Ministra da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. De cara ela contraria -a declaração- o próprio nome da Secretaria. Afinal não é para promover a igualdade racial que ela foi criada? Mas claro, que o buraco é sempre mais em baixo. Óbvio que o Brasil, que foi o último país do mundo abolir a escravidão tem uma dívida histórica enorme e terrível para com os negros. É uma chaga que não pode ser esquecida, não por sentimento de culpa, mas principalmente porque as consequências pesam até hoje em nossa sociedade, que permanece racista, discriminadora e excludente em relação aos pobres, sejam eles negros ou brancos, mulatos ou cafusos. No entanto, resumir o problema hoje a um conflito racial é, no mínimo, demagogia. E, no máximo, temerário. A Ministra, responsável por promover a igualdade racial, foi além. Para ela, é natural um negro não querer conviver com um branco, pois "quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou". Ai foi demais. Primeiro, por óbvio, que uma geração não é responsável direta pelo que se fez em outras gerações. Segundo, a boa historiografia mostra que, infelizmente, parcelas dos negros africanos se beneficiaram da escravização de seus "irmãos" e, muitas vezes, contribuíram diretamente na captura dos futuros escravos. Assim, é triste ver a simplificação contida nas infelizes palavras da Ministra.
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2 comentários:
No Brasil, onde o racismo é velado, tentar forçar o sentimento de igualdade só proporcionará uma discriminação ainda maior. Forçar a barra é alimentar o ódio. Atitudes como a imposição de cotas para negros nas universidades, sem levar em consideração o mérito, só pioram o sentimento em relação às ditas minorias. Importante ressaltar que esta “minoria” no Brasil, corresponde a 45,3% da população (negros+pardos IBGE -2000).
O que nosso governo populista não conseguiu enxergar é que o grande problema brasileiro que promove o racismo é a pobreza. Nossa discriminação é contra o pobre. Negro bacana é bem vindo em qualquer roda. Causa espécie pela raridade. Se tivéssemos mais negros ricos ou na classe média, certamente teríamos menos demonstrações de racismo. Será preciso investir pesado na educação de base, no aprimoramento técnico dos trabalhadores, nas reformas Política, Tributária e Trabalhista. Em tudo que sabemos ser o be-a-bá para diminuir a pobreza como um todo. Porque só quando os negros forem mais vistos como médicos, advogados, empresários, professores, do que como assaltantes, pedintes, domésticos, desempregados, ambulantes, é que os brancos os terão como iguais.
Para isso, além das ações acima, certamente será necessário que se passe uma ou duas gerações. Como você colocou: “o buraco é mais embaixo”.
Concordo plenamente com você. A ministra deveria ter ficado calada. Porque tanto é racismo dicriminar negros quanto é racismo discriminar brancos. Aliás, eu penso que este governo está promovendo o racismo no Brasil. Vai criar um problema que não existia, que era camuflado. Discriminação, existe. Não vai ser resolvida dividindo a sociedade brasileira em brancos e negros. Pelo contrário, isto vai piorar. Vai dar raiva em quem vai ser OBRIGADO a se considerar negro também. Nossa tradição é a miscigenção, cores variadas. Para que seguir padrão de outros países? O the New York Times publicou um editorial há cerca de dois meses defendendo e prevendo o fim da classificação por raças nos Estados Unidos... Por motivos óbvios. Nós vamos voltar para trás?
Querem fazer cotas? Façam para pobres, estes os discriminados. Nós somos mestiços, sempre nos gabamos disto, não dá para dividir entre brancos e negros. Tenho sangue negro e de diversas outras procedências, não me considero negro e não vou me considerar. Pior, tenho um sobrinha loura e de olhos azuis - com sangue negro também. Ela deveria se candidatar a um cota para entrar numa Escola de Medicina? Afinal também foi "açoitada"... Mas ela não precisou, é rica, estudou nos melhores colégios, estudou Medicina. Se fosse pobre, loura, favelada, estudante de escola pública teria conseguido?
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